A culpa de não fazer nada: como aprender a abraçar o descanso

Quantas vezes já sentiste aquele peso na consciência por não estar a fazer nada? Por estar em casa, no sofá, com a mente a vagar, ou simplesmente a relaxar, sem pressa de estar em outro lugar ou fazer qualquer coisa? Parece que a culpa bate à porta, sussurrando que o tempo está a passar e você deveria estar a "produzir", "aproveitar", "fazer render" cada minuto.

Eu também já me senti assim. E, durante muito tempo, essa sensação de culpa me incomodava profundamente. A ideia de estar "parada" parecia errada, quase como uma falha pessoal. Mas o que me fez querer entender mais sobre isso foi perceber que esse sentimento de culpa não surgia apenas quando estava a procrastinar. Não, ele aparecia também quando eu sentia a necessidade de descansar ou de me desconectar. Algo tão simples quanto dar uma pausa se tornava um peso.

E por que é tão difícil aceitar que o descanso é, sim, uma parte essencial do nosso bem-estar?

Ao longo do tempo, fui aprendendo que essa culpa muitas vezes está ligada a uma pressão externa. Vivemos em uma sociedade que nos ensina que "não fazer nada" é errado ou até mesmo um desperdício de tempo. A constante exigência de produtividade nos faz acreditar que o valor da nossa vida está atrelado ao que conseguimos realizar a cada segundo. Quando não estamos ocupados, sentimos como se estivéssemos falhando.

Mas, com o tempo, comecei a perceber que a culpa não é um sinal de falha, mas sim o reflexo de uma sociedade que não sabe valorizar a pausa. Foi nesse processo de autoexploração que percebi que o descanso também é um acto de autocuidado. E, se me permito descansar, estou a dar-me um presente de amor próprio.

Então, da próxima vez que te encontrares a sentir culpa por não estar "ocupado", lembra-te: não fazer nada não significa ser improdutivo ou menos valioso. Às vezes, é na quietude que encontramos as maiores respostas.

Seja gentil contigo mesmo. Dar-se permissão para não fazer nada também é uma forma de cuidar de ti.